O homem está à minha frente na caixa do multibanco. Tem o ar rude de quem gastou a sua vida na árdua tarefa dos campos. Apoia-se numa bengala de madeira tosca e tem na mão um papel. Uma… duas… três vezes, deixa escoar o tempo para fazer a operação.
Vou desistir de esperar e partir em busca de outra caixa, quando o homem me pede se o ajudo a decifrar um número. Esclareço-o que é um 3 e não um 8. Agradece. Desta vez consegue completar a operação com sucesso. Afasta-se. Move-se com extrema dificuldade, apoiado à bengala e arrastando os pés.
Executo as minhas operações na caixa multibanco. Entro na mercearia que fica na porta ao lado. Vejo o velhote a entrar para um carro. Faço as minhas compras e saio. O homem está finalmente sentado no carro. No lugar do condutor. O carro arranca aos solavancos. Vai em direcção ao eixo-Norte/Sul. Um arrepio percorre-me o corpo.
Oi Carlos!
ResponderEliminarEu passei o dia todo pensando neste assunto (idade avançada), acabei por também fazer um post.
Sabe que até mesmo o Brasil está se encolhendo? Estamos com 1,9 nascimentos por mulher...
É caso para muita reflexão.
Beijinhos do hemisfério sul.
É mesmo uma situação muito complicada, mas fiquei surpreendido por saber que a quebra de natalidade também é um problema no Brasil
EliminarBeijinhos
Ia em contra mão?
ResponderEliminarEnvelhecer é inevitável, o problema é envelhecer só ...
Não ia em contramão, como alguns que já têm provocado acidentes, mas também tinha acabado de arrancar...
EliminarConcordo plenamente que o grande problema é envelhecer só...
É uma das coisas que me preocupa.
ResponderEliminarA um Avô meu, tivemos que lhe esconder as chaves do carro para o impedir de guiar com mais de 80 anos e foi um sarilho mesmo assim...E conheço gente que conduz, em cidade, com mais de 90 - é um crime!
Mas é um sinal do que está a acontecer demograficamente ao nosso país.
Também tive um avô que conduzia no Porto com mais de 80 anos e Alzheimer! Entrava em ruas de sentido proibido e era uma festa, mas os polícias todos o conheciam e não diziam nada. Pelo contrário, até o cumprimentava.Um dia os filhos fizeram-lhe desaparecer o carro e disseram que tinha sido roubado. Foi a única forma de o impedir de continuar a conduzir
EliminarLá o envelhecer, ainda é normal, o que não é, é poder conduzir carro nessa situação ! :(((
ResponderEliminarComo é possível, se as cartas são renovadas a cada 2 anos ? ...
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A renovação da carta é um pró forma, Rui. Lembra-se do velhote com 97 anos em Trás os Montes?
EliminarQualquer médico passa um atestado para renovar a carta com grande facilidade e sem fazer exames. Beijinhos
ResponderEliminarInfelizmente é verdade...
EliminarBeijinhos
É de arrepiar mesmo...
ResponderEliminarÉ de arrepiar e de reflectir sobre a necessidade de impedir as pessoas de conduzirem quando já não têm condições físicas ou mentais para o fazer. Mas para isso, lá está, era preciso que a renovação da carta fosse feita com mais seriedade.
EliminarÉ tão difícil fazer compreender as pessoas que não podem continuar a conduzir...Conheço dois casos está a ser complicado mas eu sou bastante "dura" acho que há que tomar medidas pois toda a gente corre perigo.
ResponderEliminarTive sorte com os meus pais que decidiram atempadamente por o automóvel de lado.
xx
É o que eu penso fazer quando chegar aso 70, Luísa.
EliminarIncomodo-me sempre que vejo idosos em dificuldade.
ResponderEliminarSão verdadeiros assassinos quem lhes renovam a carta.
Hoje, vi-me e desejei-me com a ajuda da minha filha para levarmos a minha mãe ao médico, pois o carro teve que ficar longe e chovia!!!
Beijinhos.
Também me faz impressão essa facilidade, Elisa.
EliminarCorreu tudo bem no médico?
Beiinhos
Emendando...
ResponderEliminar...quem lhes renova a carta.
Beijinhos.
Esta história tem duas vertentes. Primeiro, concordo absolutamente que andam por aí muitos velhinhos a conduzir, com capacidades muito reduzidas para tal e que são um autêntico perigo na estrada.
ResponderEliminarMas também há o ponto de vista dos ditos velhinhos, que se agarram às quatro rodas como se fossem as suas pernas e que sem elas (rodas) se veem limitados a uma mobilidade muito reduzida ou quase nula. Se acrescentarmos a isso que muitos deles estão sozinhos, sem ninguém que os auxilie a tratar dos seus assuntos... podemos ter consciência da dimensão do drama! ;)
Beijocas!
Há tempos contei no CR a história de uma amiga da minha mãe, com 93 anos, que ainda conduzia. Iam as duas tomar chá à Foz e aquilo era importante para elas, mas tanto eu como o filho dessa amiga da minha mãe, sabíamos que a senhora já não tinha condições para conduzir e era um perigo público. Felizmente um dia tiveram um acidente sem gravidade e a partir daí a senhora não conduziu mais. Mas a partir desse episódio entrou numa tristeza profunda, de que nunca se libertou até morrer.
EliminarCompreendo bem o seu ponto de vista, Teté, mas interog-me até qu ponto é legítimo permitir a uma pessoa conduzir, se põe em risco a vida dos outros?
Beijinhos
Mais um dos idosos que está sozinho, Carlos? :(
ResponderEliminarIsso não sei, Pedro...
ResponderEliminarA renovação fictícia das cartas é mais um sinal da corrupção generalizada do nosso país...
ResponderEliminarBeijinho
Ora nem mais...
EliminarE depois é ficar a torcer para correr tudo bem...
ResponderEliminarE quando as coisas correm mal... foi azar!
Eliminardetalhes de vidas....
ResponderEliminar:(
A questão nem é a idade, é mesmo as dificuldades, também me cruzo com muita gente nova a conduzir que deve ter dificuldades... Sobretudo mentais, como continuarem a conduzir a alta velocidade num sitio onde já morreu uma criança próximo de uma escola primária!
ResponderEliminarO meu avô tem quase 80 anos e conduz que é uma maravilha, e não estou a ser irónica :)