Nos anos 70 empolguei-me com os filmes de Costa Gavras. Missing, Estado de Sítio e Z – A Orgia do Poder são três filmes que guardo bem na memória e na minha cinemateca particular.
Há dias fui ver o seu último trabalho: “O Capital”. Mais uma vez, Gavras mostra-nos a realidade. Desta feita o realizador recorre a uma parábola para nos mostrar o mundo tenebroso e tentacular do sistema financeiro. As trafulhices, os jogos de influência, a acção de manipuladores e manipulados, a submissão do poder político à banca, o capital sem rosto e sem pátria, a sede de dinheiro e o desrespeito pela vida de seres humanos, utilizados como meras peças neste jogo de monopólio da alta finança que pretende conquistar o mundo.
O Capital vai, no entanto, além deste jogo. Em dois momentos distintos mostra-nos de forma quase cruel a forma como os adultos estão a estupidificar os jovens, resumindo a vida a um simples jogo onde o importante é vencer.
Não me espanta que os críticos tenham sido avaros na classificação de O Capital. Eles, como o cidadão comum, detestam a realidade. Preferem fazer de conta que ela não existe, continuar a viver na ( da) fantasia e guardar os elogios para filmes de grande intelectualidade, indecifráveis pelo comum dos espectadores. Ainda não perceberam que a vida está mais próxima de nós numa imagem, do que nos recônditos recantos de um cérebro ocupado a discorrer sobre a ficção.
O problema é que o exército de desempregados e famintos não é fantasia, mas sim realidade cruel. E quando essa realidade é manipulada pelos interesses dos grupos financeiros, para quem as pessoas nada valem, talvez valesse a pena parar para pensar e reflectir um pouco sobre o assunto.
São só 114 minutos e ajudam-nos a perceber como gestoras de bancos falidos, como Maria da Conceição Leal, recebem prémios milionários pelos bons serviços prestados.
Até nos contos de fadas há monstros... só que depois há também o final feliz. O problema é que na realidade que agora vivemos, os finais felizes parecem estar tãaaaao longe. :(
ResponderEliminarDos filmes que menciona, tenho impressão que só vi "Missing". Talvez vá ver este, embora um filme sobre a alta finança não me pareça muito sedutor...
ResponderEliminarBeijocas!
Quero ver este filme.
ResponderEliminarAcabei de ver pela primeira vez "Blow-Up" de Antonioni e fiquei sem peceber a razãode tanto sururu aquando da sua estreia, a sério.
Abomino as criaturas que , como uma amiga minha diz, se masturbam com coisas intelectualóides que ninguém entende mas
que é obrigação dizer maravilhosas , para não passarem por burras (que é aquilo que realmente são).
Bons sonhos, amigo.
Vi aqui há dias uma das imagens mais violentas dos últimos tempos, Carlos.
ResponderEliminarA mãe com o filho de cinco anos, à noite (23.00 horas) a recolher uma refeição nessas carrinhas que prestam assistência social e a dizer que o filho só tinha tido uma refeição naquele dia, na escola, e tinha trazido a sobra para casa.
Revolta, porra, revolta muito!!
A vida é para a maioria um "murro no estômago"!
ResponderEliminarbeijinhos.