O filme é baseado na história de Alan Turing, o homem que liderou a equipa que decifrou o código nazi Enigma, contribuindo decisivamente para a vitória dos aliados. Durante décadas a acção de Turing e sua equipa foi ocultada.
Quando em 1952 é acusado de crime contra o pudor, por ser homossexual, nem polícia nem justiça sabiam que estavam a prender e condenar o homem que coordenara a equipa que derrotou os nazis, salvou milhões de pessoas da morte e viria a ser mais tarde considerado o “ pai dos computadores”
O juiz dá-lhe a escolher entre a prisão ou um tratamento hormonal e castração química. Turing opta pelo tratamento e em 1954 é encontrado morto.
Mas “O jogo da imitação” é muito mais do que a vida de Turing, a sua personalidade complexa, por vezes conflituosa, a sua persistência na descoberta de uma máquina que decifrasse o Enigma, apesar da desconfiança de todos os que com ele trabalhavam. É também uma história sobre a injustiça e o retrato de uma Inglaterra conservadora e preconceituosa que via a homossexualidade como um crime.
Só em 2009 Gordon Brown viria a pedir desculpas pelo tratamento desumano a que Turing foi sujeito e foi preciso esperar mais quatro anos até que a rainha lhe concedesse o Perdão Real. Quando pensamos que há 50 anos a homossexualidade era considerada doença e crime na Europa, sentimos um arrepio e depois congratulamo-nos por termos evoluído. Mas não deixaremos de pensar que se no século XXI ainda há povos e culturas que condenam a homossexualidade, temos todo o direito a criticá-los, mas não a acusá-los de não evoluirem há séculos. Afinal, a diferença é de apenas algumas décadas.
Com uma interpretação notável, Benedict Cumberbatch é um forte candidato ao Óscar de Melhor Actor. Seria, também, uma forma de prestar homenagem a Alan Turing. Não só pelo papel desempenhado durante a II Guerra Mundial, mas também por ter sido um pioneiro, com a criação do Colossus, o primeiro computador.